Capítulo 2: O FENÔMENO DA QUEDA (continuação 2)
Na última postagem, começamos a ver
as objeções que Ubaldi levanta contra sua própria teoria. É de se
admirar, pois não é comum o próprio autor objetar os argumentos mais fortes e
que dificilmente nós, os comuns de mentalidade normal,
conseguiríamos sequer pensar neles, ficando convencidos mesmo sem tanta
argumentação a favor.
São perguntas que levam o leitor
a pensar “e agora?!!! Não tem saída!!” Mas PU vai explicando e argumentando de
modo que tudo fique claro e rapidamente nos convence pela lógica férrea que
embasa toda a sua defesa.
Continua Ubaldi: “Pode-se
objetar ainda por que razão os espíritos, que eram livres e felizes na ordem,
haveriam de se sentir atraídos para uma desordem tão desastrosa?”
Ubaldi esclarece que o motivo foi
o egocentrismo. Egocentrismo não quer dizer egoísmo. Este é um egocentrismo
exclusivista, para vantagem própria e desvantagem dos outros, ao passo que o
egocentrismo pode fazer centro de si, como até no caso máximo de Deus,
sobretudo para o bem dos outros.
Em Deus e Universo,
PU esclarece sobre o egocentrismo quando diz: “É um fato que, sem
egocentrismo, desde os sistemas planetários aos organismos celulares e sociais,
nenhuma unidade se mantém compacta. Ele é, pois, necessário a todo ser. Egocentrismo
não é exatamente egoísmo. Este possui mais um sentido de centralização com
vantagem individual, com pendor separatista e exclusivista, de usurpação em
detrimento de outros ou necessitados ou com direito. O egocentrismo possui ao
invés, apenas um sentido de centralização destituído de senso separatista e
exclusivista, sem o objetivo de usurpar nada a outrem, pelo contrário, com
vantagem de conservação de um organismo global que é necessário e útil a todos
os elementos componentes. O Estado, como um chefe de família, pode ser
utilmente egocêntrico sem ser egoísta. Se todo ser, para existir, deve dizer:
"eu" – então o egocentrismo é uma necessidade de existência e, por
isso, não pode haver culpa em se repetir os princípios do ser, expressos no
sistema do universo. Também é da Lei que cada fragmento conserve interiormente
a natureza do esquema segundo o qual o Todo-Uno é construído.”
“Então, por que egoísmo é
culpa? Egoísmo e altruísmo são termos relativos ao grau de extensão que o eu
cobre com o próprio amor e compreensão. Enquanto o egoísmo é o amor exclusivo
com relação ao próprio "eu" e a nenhum outro, um altruísmo absoluto,
que renuncia a tudo, inclusive a si mesmo, sem vantagem nenhuma para um dado
ser ou grupo de seres, é loucura, é suicídio. Ambos os extremos constituem
culpa. A virtude consiste no altruísmo razoável, no sacrifício em favor de
alguém, na dilatação do egoísmo, isto é, na ampliação do princípio do
egocentrismo, e não na sua supressão. A virtude será tanto maior quanto mais
extenso for o campo dominado pelo amor, que é a substância da Lei.
Efetivamente, o egocentrismo máximo do Sistema em Deus, não é senão um egoísmo
que cobre todo o universo, dilatado assim infinitamente no amor capaz de
abraçar e defender todas as criaturas até o ponto de considerá-las como partes
integrantes de si mesmo, sacrificando-se por elas.
Eis como se opera a progressão
da abertura da concha do egoísmo no altruísmo, finalidade da evolução que
consiste exatamente na confraternização, a qual, unificando os fragmentos do
Uno, reconduz os seres à unidade no centro - Deus. O egoísmo poderia
então denominar-se egocentrismo involuído, fechado e limitado em si
mesmo, enquanto o altruísmo seria egocentrismo evoluído, aberto e
expandido no Todo. Efetivamente, o primeiro é separatista, desagregador,
centrífugo; o segundo é unificador, agregador, centrípeto. O primeiro se afasta
de Deus e o segundo se avizinha de Deus.”
(continua...)
Conheça a vida e obra de Pietro Ubaldi
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