domingo, 7 de setembro de 2025

ESTUDO DO LIVRO CRISTO - Capítulo 2: O FENÔMENO DA QUEDA (continuação 2)


               Pietro Ubaldi

 Capítulo 2: O FENÔMENO DA QUEDA (continuação 2)

Na última postagem, começamos a ver as objeções que Ubaldi levanta contra sua própria teoria. É de se admirar, pois não é comum o próprio autor objetar os argumentos mais fortes e que dificilmente nós, os comuns de mentalidade normal, conseguiríamos sequer pensar neles, ficando convencidos mesmo sem tanta argumentação a favor.

São perguntas que levam o leitor a pensar “e agora?!!! Não tem saída!!” Mas PU vai explicando e argumentando de modo que tudo fique claro e rapidamente nos convence pela lógica férrea que embasa toda a sua defesa.

Continua Ubaldi: “Pode-se objetar ainda por que razão os espíritos, que eram livres e felizes na ordem, haveriam de se sentir atraídos para uma desordem tão desastrosa?

Ubaldi esclarece que o motivo foi o egocentrismo. Egocentrismo não quer dizer egoísmo. Este é um egocentrismo exclusivista, para vantagem própria e desvantagem dos outros, ao passo que o egocentrismo pode fazer centro de si, como até no caso máximo de Deus, sobretudo para o bem dos outros.

Em Deus e Universo, PU esclarece sobre o egocentrismo quando diz: “É um fato que, sem egocentrismo, desde os sistemas planetários aos organismos celulares e sociais, nenhuma unidade se mantém compacta. Ele é, pois, necessário a todo ser. Egocentrismo não é exatamente egoísmo. Este possui mais um sentido de centralização com vantagem individual, com pendor separatista e exclusivista, de usurpação em detrimento de outros ou necessitados ou com direito. O egocentrismo possui ao invés, apenas um sentido de centralização destituído de senso separatista e exclusivista, sem o objetivo de usurpar nada a outrem, pelo contrário, com vantagem de conservação de um organismo global que é necessário e útil a todos os elementos componentes. O Estado, como um chefe de família, pode ser utilmente egocêntrico sem ser egoísta. Se todo ser, para existir, deve dizer: "eu" – então o egocentrismo é uma necessidade de existência e, por isso, não pode haver culpa em se repetir os princípios do ser, expressos no sistema do universo. Também é da Lei que cada fragmento conserve interiormente a natureza do esquema segundo o qual o Todo-Uno é construído.

“Então, por que egoísmo é culpa? Egoísmo e altruísmo são termos relativos ao grau de extensão que o eu cobre com o próprio amor e compreensão. Enquanto o egoísmo é o amor exclusivo com relação ao próprio "eu" e a nenhum outro, um altruísmo absoluto, que renuncia a tudo, inclusive a si mesmo, sem vantagem nenhuma para um dado ser ou grupo de seres, é loucura, é suicídio. Ambos os extremos constituem culpa. A virtude consiste no altruísmo razoável, no sacrifício em favor de alguém, na dilatação do egoísmo, isto é, na ampliação do princípio do egocentrismo, e não na sua supressão. A virtude será tanto maior quanto mais extenso for o campo dominado pelo amor, que é a substância da Lei. Efetivamente, o egocentrismo máximo do Sistema em Deus, não é senão um egoísmo que cobre todo o universo, dilatado assim infinitamente no amor capaz de abraçar e defender todas as criaturas até o ponto de considerá-las como partes integrantes de si mesmo, sacrificando-se por elas.

Eis como se opera a progressão da abertura da concha do egoísmo no altruísmo, finalidade da evolução que consiste exatamente na confraternização, a qual, unificando os fragmentos do Uno, reconduz os seres à unidade no centro - Deus. O egoísmo poderia então denominar-se egocentrismo involuído, fechado e limitado em si mesmo, enquanto o altruísmo seria egocentrismo evoluído, aberto e expandido no Todo. Efetivamente, o primeiro é separatista, desagregador, centrífugo; o segundo é unificador, agregador, centrípeto. O primeiro se afasta de Deus e o segundo se avizinha de Deus.”

(continua...)

Conheça a vida e obra de Pietro Ubaldi

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