quinta-feira, 4 de setembro de 2025

ESTUDO DO LIVRO CRISTO - Capítulo 2: O FENÔMENO DA QUEDA

 

Pietro Ubaldi inicia o capítulo dizendo que “a encarnação e a paixão de Cristo não podem ser explicadas senão em função do dualismo, positivo e negativo, S e AS, involução e evolução”. Lembra ainda que a humanidade, ao se referir à criação de Deus, pensa ainda no Universo material (resultado da queda do Espírito na matéria), pois ainda não tem consciência do que seja o Sistema (A obra de Ubaldi ainda está engatinhando e se popularizando a passos de tartaruga; não poderia ser de outra maneira pois necessita do amadurecimento psicológico das massas. Assim, podemos nos considerar privilegiados, por termos acesso a essa benção que nos abriu o entendimento à campo muito mais além, e ao mesmo tempo responsáveis por ajudar na propagação para que outros também tenham essa compreensão).

A Redenção é a obra de salvamento que Cristo veio nos trazer para endireitar o que fora emborcado com a queda. É o impulso que Cristo veio dar à Humanidade em direção ao S.

Ubaldi explica que os fenômenos estudados se deram em dimensões extremamente distantes de nossa realidade, no tempo e no espaço, obrigando-nos a um esforço mental e à utilização de aproximações conceituais progressivas.

Ubaldi retoma os conceitos já apresentados e resume: “Deus é tudo, nada pode existir além de Deus. Para poder criar, Deus não podia usar senão a substância da qual Ele mesmo era feito. Deus é livre e perfeito, então, a criatura, sendo da mesma substância, também deve ser livre e perfeita. O S é um organismo de elementos hierarquicamente ordenados. Cada ser é perfeito dentro dos limites da individualidade que o constitui e o define.”

Cabe aqui uma recordação da visão apresentada por PU no livro “Deus e Universo”, a respeito desse momento decisivo, desse diálogo inicial que dera origem a tudo: “Eis a criatura, substancialmente espírito, centelha de Deus, apenas destacada do seio do Pai que a gerou. Ela fita o Centro, do qual derivou por ato de Amor. A estrutura do S impõe uma resposta sua a esse ato, a correspondência de um ato recíproco pelo qual ela, por sua livre aceitação, confirme ou renegue, como queira, ligue-se ao Sistema ou dele se destaque, agindo livremente e definindo, assim, a sua posição”.

O Criador respeita tanto a liberdade por Ele concedida à criatura, que submete a Sua obra de Criador à livre aceitação,  que a corrobore junto à criatura no que lhe diz respeito, à guisa de consentimento necessário de ambas as partes, como em um contrato bilateral. Somente quando a criatura, livre, houver dito: "Sim", somente neste momento em que ela é quase que chamada, e com o seu consentimento está disposta a colaborar, a obra da criação estará completa e perfeita.”

Eis o ser diante de Deus. Apenas criado, ele ainda não falou. Deve dizer agora a sua primeira palavra, que Deus lhe pede em resposta ao Seu ato criador: a palavra decisiva.”

Deus lhe fala primeiramente: "Olha, ó criatura, o que há diante de ti. Eu sou o Pai que te criou. Quis fazer-te da Minha própria substância, um “eu sou”, centro, livre como "Eu Sou". Fiz-te grande com a minha grandeza, poderoso com o meu poder, sábio com a minha sabedoria. Fiz assim espontaneamente, por um ato de Amor para contigo. A este Meu ato falta somente um último retoque para ser perfeito e ele deve partir de ti. Espero-o de ti, que o farás com plena liberdade.”

Ofereço-te a existência como um grande pacto de amizade. Ele é baseado no Amor com que te criei e a que deves o teu ser. Podes aceitar ou não este Meu Amor. Todo pacto é bilateral, toda aceitação de amor deve ser espontânea. Não é possível uma correspondência de amor forçado. Escolhe. Vê o que Eu já fiz por ti. Eu te precedi com o exemplo. Tu me vês. Olha e decide. Qualquer pressão de Minha parte faria de ti uma criatura escrava e Eu te fiz livre porque tu deves assemelhar-te a Mim.”

Para que Eu te pudesse amar como quero, tu deves ser semelhante a Mim. Não se pode pedir Amor a um escravo, mas somente obediência forçada. Isto está fora do Meu Sistema, seria a sua inversão. Vem, pois, a Mim. Corresponde ao Meu Amor, que te chama e te atrai. Confirma a Minha obra com a tua aceitação. Por tua livre escolha, consente, então,  e coordena-te no Meu Sistema, do qual Eu Sou Centro.”

Subordina o teu “eu sou” menor ao “Eu Sou”, o Deus Uno, supremo vértice que rege o Todo. Reconhece a ordem da qual Eu sou o dirigente. Promete obediência à Lei que exprime o Meu pensamento e a Minha vontade. Por Amor te peço, pois que és meu filho, que me retribuas o Amor pelo qual te gerei”.

Após essas palavras, por um instante ficou suspensa a respiração do Todo, enquanto as falanges dos espíritos criados oscilavam em cósmicas ondulações. O ser olha e pensa. Ele sente em si a potência que lhe promana do Pai, uma imensidade que o torna semelhante a Deus. É livre, como um “eu sou” autônomo, senhor do seu sistema, das suas forças e equilíbrios interiores. A sua própria estrutura, permeada de divina grandeza, impele-o a repetir em sentido autônomo, separatista, o egocentrismo que ele continha do "Eu Sou" máximo: Deus.”

“Mas, do outro lado há uma força oposta, anti-egocêntrica, tendente a neutralizar a primeira: o amor. Ele se manifesta como silenciosa atração, que se impõe por bondade.”

“As duas forças, assim diversas, movem as falanges dos espíritos, que as examinam e pesam. Belo é o Amor, mas acarreta uma renúncia cheia de deveres, uma renúncia à plenitude total do "eu sou"; implica obediência, o reconhecimento de uma posição subordinada.”

“Eis o perigo tentador: exagerar, em seu juízo, a própria semelhança com Deus e admitir uma pretensão de identidade. Ao invés de seguir o caminho do Amor, coordenando-se com obediência na ordem, tomar a via oposta. Devendo coordenar o próprio "eu sou", reforçar sua autonomia, fazendo-se isoladamente centro do sistema, com leis próprias; imitar Deus somente para superá-Lo. Responder ao doce apelo de Amor com um grito de desafio: "Não, Deus! eu, criatura, sou maior do que Tu. Eu sou Deus, não Tu"!

“Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva (portador da luz)! Como foste atirado por terra?

E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei. E serei semelhante ao Altíssimo. E, contudo, levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo.” - ISAÍAS 14:12-15

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“Foi então que um sem-número de "deuses" menores, feitos de substância divina, livremente decidiram tornar-se "deuses" maiores, iguais a Deus. A escolha foi por eles feita, e o Sistema, convulsionado desde os alicerces, que se fundamentam no espírito, estremeceu, abalou-se e parcialmente ruiu, involvendo para a matéria.”

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“E disse-lhes: Eu via Satanás, como raio, cair do céu”. - LUCAS 10:18

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“E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus anjos;

Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus.

E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele.” - APOCALIPSE 12:7-9


Por fim, Ubaldi esclarece que o S era um organismo baseado na ordem e disciplina. O ser devia dar prova de respeitá-lo, tornando-se merecedor de permanecer feliz na eternidade, demonstrando que saberia viver como ser livre, mas responsável, com disciplina na organicidade do S. Os espíritos obedientes superaram a prova, com a sua adesão à Lei na qual permaneceram enquadrados. Os espíritos rebeldes terão que superar essa prova, percorrendo todo o ciclo involutivo-evolutivo, retomando, assim, suas posições originárias no S.


Conheça a vida e a obra de Pietro Ubaldi

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