sábado, 13 de setembro de 2025

ESTUDO DO LIVRO CRISTO - Capítulo 2: O FENÔMENO DA QUEDA (continuação 3)

 


Capítulo 2: O FENÔMENO DA QUEDA (continuação)

Continuando sua explanação sobre o egocentrismo, diz Ubaldi, em Deus e Universo: “Em Deus, o egocentrismo representa um egoísmo tão amplo que abraça todas as criaturas, tudo o que existe, de modo a coincidir  com o máximo altruísmo... semelhante ao egocentrismo que todo ser sente em relação aos elementos componentes do próprio organismo, e que é necessário para mantê-los todos compactos em unidades em torno do eu central, a alma do sistema.

O egocentrismo de Deus é um egocentrismo perfeito, constituído não por egoísmo separatista e exclusivista, mas sim por amor... Deus é o centro, mas não para sujeitar,  e sim para atrair;  não para absorver, e sim para irradiar; não para tomar, e sim para dar.”

“Deus encontra-se no núcleo do Sistema, centralizando tudo em Si para tudo irradiar de Si, e as criaturas devem existir à Sua imagem e semelhança como outros tantos núcleos menores que irradiam para sistemas menores”.

“Eis as razões remotas, que explicam e impõem o “ama o teu próximo”, do Evangelho. Hierarquicamente, a unidade do sistema por esquemas únicos, repetidos em todos os níveis, impõe que o mais sábio o poderoso, porque em níveis mais elevados, deve irradiar para os inferiores, de nível mais baixo, pois que os níveis elevados recebem dos que se encontram em níveis mais elevados ainda do que eles, próximos a Deus. Obtém-se, assim, através da desigualdade, a justiça. Receberá dos irmãos maiores quem der aos seus irmãos menores.”

 (continua...)

Conheça a vida e obra de Pietro Ubaldi

domingo, 7 de setembro de 2025

ESTUDO DO LIVRO CRISTO - Capítulo 2: O FENÔMENO DA QUEDA (continuação 2)


               Pietro Ubaldi

 Capítulo 2: O FENÔMENO DA QUEDA (continuação 2)

Na última postagem, começamos a ver as objeções que Ubaldi levanta contra sua própria teoria. É de se admirar, pois não é comum o próprio autor objetar os argumentos mais fortes e que dificilmente nós, os comuns de mentalidade normal, conseguiríamos sequer pensar neles, ficando convencidos mesmo sem tanta argumentação a favor.

São perguntas que levam o leitor a pensar “e agora?!!! Não tem saída!!” Mas PU vai explicando e argumentando de modo que tudo fique claro e rapidamente nos convence pela lógica férrea que embasa toda a sua defesa.

Continua Ubaldi: “Pode-se objetar ainda por que razão os espíritos, que eram livres e felizes na ordem, haveriam de se sentir atraídos para uma desordem tão desastrosa?

Ubaldi esclarece que o motivo foi o egocentrismo. Egocentrismo não quer dizer egoísmo. Este é um egocentrismo exclusivista, para vantagem própria e desvantagem dos outros, ao passo que o egocentrismo pode fazer centro de si, como até no caso máximo de Deus, sobretudo para o bem dos outros.

Em Deus e Universo, PU esclarece sobre o egocentrismo quando diz: “É um fato que, sem egocentrismo, desde os sistemas planetários aos organismos celulares e sociais, nenhuma unidade se mantém compacta. Ele é, pois, necessário a todo ser. Egocentrismo não é exatamente egoísmo. Este possui mais um sentido de centralização com vantagem individual, com pendor separatista e exclusivista, de usurpação em detrimento de outros ou necessitados ou com direito. O egocentrismo possui ao invés, apenas um sentido de centralização destituído de senso separatista e exclusivista, sem o objetivo de usurpar nada a outrem, pelo contrário, com vantagem de conservação de um organismo global que é necessário e útil a todos os elementos componentes. O Estado, como um chefe de família, pode ser utilmente egocêntrico sem ser egoísta. Se todo ser, para existir, deve dizer: "eu" – então o egocentrismo é uma necessidade de existência e, por isso, não pode haver culpa em se repetir os princípios do ser, expressos no sistema do universo. Também é da Lei que cada fragmento conserve interiormente a natureza do esquema segundo o qual o Todo-Uno é construído.

“Então, por que egoísmo é culpa? Egoísmo e altruísmo são termos relativos ao grau de extensão que o eu cobre com o próprio amor e compreensão. Enquanto o egoísmo é o amor exclusivo com relação ao próprio "eu" e a nenhum outro, um altruísmo absoluto, que renuncia a tudo, inclusive a si mesmo, sem vantagem nenhuma para um dado ser ou grupo de seres, é loucura, é suicídio. Ambos os extremos constituem culpa. A virtude consiste no altruísmo razoável, no sacrifício em favor de alguém, na dilatação do egoísmo, isto é, na ampliação do princípio do egocentrismo, e não na sua supressão. A virtude será tanto maior quanto mais extenso for o campo dominado pelo amor, que é a substância da Lei. Efetivamente, o egocentrismo máximo do Sistema em Deus, não é senão um egoísmo que cobre todo o universo, dilatado assim infinitamente no amor capaz de abraçar e defender todas as criaturas até o ponto de considerá-las como partes integrantes de si mesmo, sacrificando-se por elas.

Eis como se opera a progressão da abertura da concha do egoísmo no altruísmo, finalidade da evolução que consiste exatamente na confraternização, a qual, unificando os fragmentos do Uno, reconduz os seres à unidade no centro - Deus. O egoísmo poderia então denominar-se egocentrismo involuído, fechado e limitado em si mesmo, enquanto o altruísmo seria egocentrismo evoluído, aberto e expandido no Todo. Efetivamente, o primeiro é separatista, desagregador, centrífugo; o segundo é unificador, agregador, centrípeto. O primeiro se afasta de Deus e o segundo se avizinha de Deus.”

(continua...)

Conheça a vida e obra de Pietro Ubaldi

sábado, 6 de setembro de 2025

ESTUDO DO LIVRO CRISTO - Capítulo 2: O FENÔMENO DA QUEDA (continuação 1)

 

ESTUDO DO LIVRO: CRISTO

Pietro Ubaldi

 Para reforçar nosso estudo sobre o fenômeno da Queda, vamos ver o que diz Ubaldi em O Sistema:

PU analisa em detalhes o 3º aspecto do Tudo-Uno, o aspecto de Deus-Filho. “Deus nos aparece como uma infinita multidão de seres” (os puros espíritos perfeitos recém-criados). “Isso não significa fracionamento ou dispersão da Unidade, pois as criaturas surgiram todas organicamente coordenadas, funcionando de acordo com a Lei, subordinados todos a Ele, como centro do Sistema.”

Ubaldi acrescenta que “sendo as criaturas centelhas de Deus,  deviam possuir as qualidades do fogo central, tendo em 1º lugar a liberdade.” Conforme visto naquele trecho de Deus e Universo (da última postagem), as criaturas “deviam ser livres e conscientes, aceitando permanecer na  ordem por livre adesão.”

Ubaldi afirma ainda que “os elementos eram hierarquicamente coordenados num organismo, portanto não podiam ser idênticos ao centro, ao qual, no que respeita ao conhecimento e poderes, tinham de ficar subordinados”, tendo como 1º dever a obediência.  A liberdade, num sistema de ordem, deve se manter em perfeita adesão à Lei (pensamento e vontade de Deus), sem o que, poderia ultrapassar os limites impostos e subverter aquela ordem.

Todavia, a liberdade é tal que contém a possibilidade do arbítrio e do abuso, significando a capacidade de quebrar a unidade orgânica do Sistema... Se essa infração ocorresse, a desordem, nascida no seio da ordem, produziria, pelo menos na parte inquinada, uma fratura, um emborcamento e uma queda”.

Após essas colocações Ubaldi inicia a argumentação contrária visando esgotar e aprofundar o tema, dizendo: “Mas como seria possível que O Sistema, obra de Deus, fosse tão imperfeito a ponto de poder desmoronar a cada momento?”

É uma pergunta muito intrigante e que nos faz realmente pensar: Sendo Deus perfeito, Sua obra deveria ser perfeita; em sendo perfeita, como estaria sujeita à essas subversões dos rebeldes?

Responde Ubaldi: “Não. Era tão perfeito que, justamente por isso, continha, deixada à mercê da livre vontade do ser, a possibilidade de uma queda, podendo até desmoronar, mas sem dano definitivo. Se isso podia ocorrer é porque O Sistema era perfeito a tal ponto que seria capaz de ressurgir de sua queda, tornando inócuo, em última análise, esse perigo e erro.” Acrescenta Ubaldi que isso não era imperfeição, mas, sim, uma 'super perfeição' (se é que podemos definir graus de perfeição, mesmo que para fins didáticos), pois tudo estava previsto e a Lei continha o remédio que curaria a possível queda.

(continua...)

Conheça a vida e a obra de Pietro Ubaldi

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

ESTUDO DO LIVRO CRISTO - Capítulo 2: O FENÔMENO DA QUEDA

 

Pietro Ubaldi inicia o capítulo dizendo que “a encarnação e a paixão de Cristo não podem ser explicadas senão em função do dualismo, positivo e negativo, S e AS, involução e evolução”. Lembra ainda que a humanidade, ao se referir à criação de Deus, pensa ainda no Universo material (resultado da queda do Espírito na matéria), pois ainda não tem consciência do que seja o Sistema (A obra de Ubaldi ainda está engatinhando e se popularizando a passos de tartaruga; não poderia ser de outra maneira pois necessita do amadurecimento psicológico das massas. Assim, podemos nos considerar privilegiados, por termos acesso a essa benção que nos abriu o entendimento à campo muito mais além, e ao mesmo tempo responsáveis por ajudar na propagação para que outros também tenham essa compreensão).

A Redenção é a obra de salvamento que Cristo veio nos trazer para endireitar o que fora emborcado com a queda. É o impulso que Cristo veio dar à Humanidade em direção ao S.

Ubaldi explica que os fenômenos estudados se deram em dimensões extremamente distantes de nossa realidade, no tempo e no espaço, obrigando-nos a um esforço mental e à utilização de aproximações conceituais progressivas.

Ubaldi retoma os conceitos já apresentados e resume: “Deus é tudo, nada pode existir além de Deus. Para poder criar, Deus não podia usar senão a substância da qual Ele mesmo era feito. Deus é livre e perfeito, então, a criatura, sendo da mesma substância, também deve ser livre e perfeita. O S é um organismo de elementos hierarquicamente ordenados. Cada ser é perfeito dentro dos limites da individualidade que o constitui e o define.”

Cabe aqui uma recordação da visão apresentada por PU no livro “Deus e Universo”, a respeito desse momento decisivo, desse diálogo inicial que dera origem a tudo: “Eis a criatura, substancialmente espírito, centelha de Deus, apenas destacada do seio do Pai que a gerou. Ela fita o Centro, do qual derivou por ato de Amor. A estrutura do S impõe uma resposta sua a esse ato, a correspondência de um ato recíproco pelo qual ela, por sua livre aceitação, confirme ou renegue, como queira, ligue-se ao Sistema ou dele se destaque, agindo livremente e definindo, assim, a sua posição”.

O Criador respeita tanto a liberdade por Ele concedida à criatura, que submete a Sua obra de Criador à livre aceitação,  que a corrobore junto à criatura no que lhe diz respeito, à guisa de consentimento necessário de ambas as partes, como em um contrato bilateral. Somente quando a criatura, livre, houver dito: "Sim", somente neste momento em que ela é quase que chamada, e com o seu consentimento está disposta a colaborar, a obra da criação estará completa e perfeita.”

Eis o ser diante de Deus. Apenas criado, ele ainda não falou. Deve dizer agora a sua primeira palavra, que Deus lhe pede em resposta ao Seu ato criador: a palavra decisiva.”

Deus lhe fala primeiramente: "Olha, ó criatura, o que há diante de ti. Eu sou o Pai que te criou. Quis fazer-te da Minha própria substância, um “eu sou”, centro, livre como "Eu Sou". Fiz-te grande com a minha grandeza, poderoso com o meu poder, sábio com a minha sabedoria. Fiz assim espontaneamente, por um ato de Amor para contigo. A este Meu ato falta somente um último retoque para ser perfeito e ele deve partir de ti. Espero-o de ti, que o farás com plena liberdade.”

Ofereço-te a existência como um grande pacto de amizade. Ele é baseado no Amor com que te criei e a que deves o teu ser. Podes aceitar ou não este Meu Amor. Todo pacto é bilateral, toda aceitação de amor deve ser espontânea. Não é possível uma correspondência de amor forçado. Escolhe. Vê o que Eu já fiz por ti. Eu te precedi com o exemplo. Tu me vês. Olha e decide. Qualquer pressão de Minha parte faria de ti uma criatura escrava e Eu te fiz livre porque tu deves assemelhar-te a Mim.”

Para que Eu te pudesse amar como quero, tu deves ser semelhante a Mim. Não se pode pedir Amor a um escravo, mas somente obediência forçada. Isto está fora do Meu Sistema, seria a sua inversão. Vem, pois, a Mim. Corresponde ao Meu Amor, que te chama e te atrai. Confirma a Minha obra com a tua aceitação. Por tua livre escolha, consente, então,  e coordena-te no Meu Sistema, do qual Eu Sou Centro.”

Subordina o teu “eu sou” menor ao “Eu Sou”, o Deus Uno, supremo vértice que rege o Todo. Reconhece a ordem da qual Eu sou o dirigente. Promete obediência à Lei que exprime o Meu pensamento e a Minha vontade. Por Amor te peço, pois que és meu filho, que me retribuas o Amor pelo qual te gerei”.

Após essas palavras, por um instante ficou suspensa a respiração do Todo, enquanto as falanges dos espíritos criados oscilavam em cósmicas ondulações. O ser olha e pensa. Ele sente em si a potência que lhe promana do Pai, uma imensidade que o torna semelhante a Deus. É livre, como um “eu sou” autônomo, senhor do seu sistema, das suas forças e equilíbrios interiores. A sua própria estrutura, permeada de divina grandeza, impele-o a repetir em sentido autônomo, separatista, o egocentrismo que ele continha do "Eu Sou" máximo: Deus.”

“Mas, do outro lado há uma força oposta, anti-egocêntrica, tendente a neutralizar a primeira: o amor. Ele se manifesta como silenciosa atração, que se impõe por bondade.”

“As duas forças, assim diversas, movem as falanges dos espíritos, que as examinam e pesam. Belo é o Amor, mas acarreta uma renúncia cheia de deveres, uma renúncia à plenitude total do "eu sou"; implica obediência, o reconhecimento de uma posição subordinada.”

“Eis o perigo tentador: exagerar, em seu juízo, a própria semelhança com Deus e admitir uma pretensão de identidade. Ao invés de seguir o caminho do Amor, coordenando-se com obediência na ordem, tomar a via oposta. Devendo coordenar o próprio "eu sou", reforçar sua autonomia, fazendo-se isoladamente centro do sistema, com leis próprias; imitar Deus somente para superá-Lo. Responder ao doce apelo de Amor com um grito de desafio: "Não, Deus! eu, criatura, sou maior do que Tu. Eu sou Deus, não Tu"!

“Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva (portador da luz)! Como foste atirado por terra?

E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei. E serei semelhante ao Altíssimo. E, contudo, levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo.” - ISAÍAS 14:12-15

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“Foi então que um sem-número de "deuses" menores, feitos de substância divina, livremente decidiram tornar-se "deuses" maiores, iguais a Deus. A escolha foi por eles feita, e o Sistema, convulsionado desde os alicerces, que se fundamentam no espírito, estremeceu, abalou-se e parcialmente ruiu, involvendo para a matéria.”

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“E disse-lhes: Eu via Satanás, como raio, cair do céu”. - LUCAS 10:18

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“E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus anjos;

Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus.

E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele.” - APOCALIPSE 12:7-9


Por fim, Ubaldi esclarece que o S era um organismo baseado na ordem e disciplina. O ser devia dar prova de respeitá-lo, tornando-se merecedor de permanecer feliz na eternidade, demonstrando que saberia viver como ser livre, mas responsável, com disciplina na organicidade do S. Os espíritos obedientes superaram a prova, com a sua adesão à Lei na qual permaneceram enquadrados. Os espíritos rebeldes terão que superar essa prova, percorrendo todo o ciclo involutivo-evolutivo, retomando, assim, suas posições originárias no S.


Conheça a vida e a obra de Pietro Ubaldi