Pietro Ubaldi inicia o capítulo
dizendo que “a encarnação e a paixão de Cristo não podem ser explicadas
senão em função do dualismo, positivo e negativo, S e AS, involução e evolução”.
Lembra ainda que a humanidade, ao se referir à criação de Deus, pensa ainda no
Universo material (resultado da queda do Espírito na matéria), pois ainda não
tem consciência do que seja o Sistema (A obra de Ubaldi ainda está engatinhando
e se popularizando a passos de tartaruga; não poderia ser de outra maneira pois
necessita do amadurecimento psicológico das massas. Assim, podemos nos
considerar privilegiados, por termos acesso a essa benção que nos abriu o
entendimento à campo muito mais além, e ao mesmo tempo responsáveis por ajudar
na propagação para que outros também tenham essa compreensão).
A Redenção é a obra de salvamento
que Cristo veio nos trazer para endireitar o que fora emborcado com a queda. É
o impulso que Cristo veio dar à Humanidade em direção ao S.
Ubaldi explica que os fenômenos
estudados se deram em dimensões extremamente distantes de nossa realidade, no
tempo e no espaço, obrigando-nos a um esforço mental e à utilização de
aproximações conceituais progressivas.
Ubaldi retoma os conceitos já
apresentados e resume: “Deus é tudo, nada pode existir além de Deus. Para poder
criar, Deus não podia usar senão a substância da qual Ele mesmo era feito. Deus
é livre e perfeito, então, a criatura, sendo da mesma substância, também deve
ser livre e perfeita. O S é um organismo de elementos hierarquicamente
ordenados. Cada ser é perfeito dentro dos limites da individualidade que o
constitui e o define.”
Cabe aqui uma recordação da visão
apresentada por PU no livro “Deus e Universo”, a respeito desse momento
decisivo, desse diálogo inicial que dera origem a tudo: “Eis a criatura,
substancialmente espírito, centelha de Deus, apenas destacada do seio do Pai
que a gerou. Ela fita o Centro, do qual derivou por ato de Amor. A estrutura do
S impõe uma resposta sua a esse ato, a correspondência de um ato recíproco pelo
qual ela, por sua livre aceitação, confirme ou renegue, como queira, ligue-se ao
Sistema ou dele se destaque, agindo livremente e definindo, assim, a sua
posição”.
“O Criador respeita tanto a
liberdade por Ele concedida à criatura, que submete a Sua obra de Criador à livre
aceitação, que a corrobore junto à
criatura no que lhe diz respeito, à guisa de consentimento necessário de ambas
as partes, como em um contrato bilateral. Somente quando a criatura, livre, houver
dito: "Sim", somente neste momento em que ela é quase que chamada, e
com o seu consentimento está disposta a colaborar, a obra da criação estará
completa e perfeita.”
“Eis o ser diante de Deus.
Apenas criado, ele ainda não falou. Deve dizer agora a sua primeira palavra,
que Deus lhe pede em resposta ao Seu ato criador: a palavra decisiva.”
“Deus lhe fala primeiramente:
"Olha, ó criatura, o que há diante de ti. Eu sou o Pai que te criou. Quis
fazer-te da Minha própria substância, um “eu sou”, centro, livre como "Eu
Sou". Fiz-te grande com a minha grandeza, poderoso com o meu poder, sábio
com a minha sabedoria. Fiz assim espontaneamente, por um ato de Amor para
contigo. A este Meu ato falta somente um último retoque para ser perfeito e ele
deve partir de ti. Espero-o de ti, que o farás com plena liberdade.”
“Ofereço-te a existência como
um grande pacto de amizade. Ele é baseado no Amor com que te criei e a que
deves o teu ser. Podes aceitar ou não este Meu Amor. Todo pacto é bilateral,
toda aceitação de amor deve ser espontânea. Não é possível uma correspondência
de amor forçado. Escolhe. Vê o que Eu já fiz por ti. Eu te precedi com o
exemplo. Tu me vês. Olha e decide. Qualquer pressão de Minha parte faria de ti
uma criatura escrava e Eu te fiz livre porque tu deves assemelhar-te a Mim.”
“Para que Eu te pudesse amar
como quero, tu deves ser semelhante a Mim. Não se pode pedir Amor a um escravo,
mas somente obediência forçada. Isto está fora do Meu Sistema, seria a sua
inversão. Vem, pois, a Mim. Corresponde ao Meu Amor, que te chama e te atrai.
Confirma a Minha obra com a tua aceitação. Por tua livre escolha, consente, então,
e coordena-te no Meu Sistema, do qual Eu
Sou Centro.”
“Subordina o teu “eu sou”
menor ao “Eu Sou”, o Deus Uno, supremo vértice que rege o Todo. Reconhece a
ordem da qual Eu sou o dirigente. Promete obediência à Lei que exprime o Meu
pensamento e a Minha vontade. Por Amor te peço, pois que és meu filho, que me
retribuas o Amor pelo qual te gerei”.
“Após essas palavras, por um
instante ficou suspensa a respiração do Todo, enquanto as falanges dos
espíritos criados oscilavam em cósmicas ondulações. O ser olha e pensa. Ele
sente em si a potência que lhe promana do Pai, uma imensidade que o torna
semelhante a Deus. É livre, como um “eu sou” autônomo, senhor do seu sistema,
das suas forças e equilíbrios interiores. A sua própria estrutura, permeada de
divina grandeza, impele-o a repetir em sentido autônomo, separatista, o
egocentrismo que ele continha do "Eu Sou" máximo: Deus.”
“Mas, do outro lado há uma
força oposta, anti-egocêntrica, tendente a neutralizar a primeira: o amor. Ele
se manifesta como silenciosa atração, que se impõe por bondade.”
“As duas forças, assim
diversas, movem as falanges dos espíritos, que as examinam e pesam. Belo é o
Amor, mas acarreta uma renúncia cheia de deveres, uma renúncia à plenitude
total do "eu sou"; implica obediência, o reconhecimento de uma
posição subordinada.”
“Eis o perigo tentador: exagerar, em seu juízo,
a própria semelhança com Deus e admitir uma pretensão de identidade. Ao invés
de seguir o caminho do Amor, coordenando-se com obediência na ordem, tomar a
via oposta. Devendo coordenar o próprio "eu sou", reforçar sua
autonomia, fazendo-se isoladamente centro do sistema, com leis próprias; imitar
Deus somente para superá-Lo. Responder ao doce apelo de Amor com um grito de desafio:
"Não, Deus! eu, criatura, sou maior do que Tu. Eu sou Deus, não Tu"!

“Como
caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva (portador da luz)! Como foste
atirado por terra?
E tu
dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei
o meu trono, e no monte da congregação me assentarei. E serei semelhante ao
Altíssimo. E, contudo, levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo.” - ISAÍAS 14:12-15
*** ***
“Foi então que um sem-número
de "deuses" menores, feitos de substância divina, livremente
decidiram tornar-se "deuses" maiores, iguais a Deus. A escolha foi
por eles feita, e o Sistema, convulsionado desde os alicerces, que se fundamentam
no espírito, estremeceu, abalou-se e parcialmente ruiu, involvendo para a
matéria.”
*** ***
“E
disse-lhes: Eu via Satanás, como raio, cair do céu”. - LUCAS 10:18
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“E
houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e
batalhavam o dragão e os seus anjos;
Mas
não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus.
E foi precipitado o grande
dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo;
ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele.” - APOCALIPSE 12:7-9
Por fim, Ubaldi esclarece que o S
era um organismo baseado na ordem e disciplina. O ser devia dar prova de
respeitá-lo, tornando-se merecedor de permanecer feliz na eternidade,
demonstrando que saberia viver como ser livre, mas responsável, com disciplina
na organicidade do S. Os espíritos obedientes superaram a prova, com a sua
adesão à Lei na qual permaneceram enquadrados. Os espíritos rebeldes terão que
superar essa prova, percorrendo todo o ciclo involutivo-evolutivo, retomando,
assim, suas posições originárias no S.
Conheça a vida e a obra de Pietro Ubaldi